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14 de outubro 2021

Via Campesina protesta contra a fome no país na sede da Aprosoja, em Brasília

Via Campesina protesta contra a fome no país na sede da Aprosoja, em Brasília As organizações da Via Campesina Brasil realizam, desde a manhã desta quinta-feira (14), protestos contra a fome no país. Em Brasília, manifestantes pintaram de vermelho a sede da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja).As ações simbólicas ocorrem nas cinco regiões do país para denunciar o atual contexto do aumento da fome no Brasil, que faz parte da estratégia política do governo Bolsonaro. A ação na Aprosoja, por exemplo, faz parte da “Jornada Nacional da Soberania Alimentar: Contra o Agronegócio para o Brasil não passar fome”.Os manifestantes também protestam contra a desproporcionalidade do aumento da miséria diante da lucratividade do setor do agronegócio. Além de Brasília, os protestos ocorrem em Recife, Vitória, Porto Velho e Florianópolis, de maneira simultânea.A ocupação na Aprosoja contou com a participação de cerca de 200 camponeses e camponesas e alertou sobre o protagonismo que o agronegócio cumpre no crescimento da fome, da miséria e no aumento do preço dos alimentos no Brasil. Neste ano, o agronegócio, com a produção de soja, milho e cana-de-açúcar, principalmente, bateu recordes de exportações e lucros.
Desigualdade alimentarSegundo o grupo de pesquisa Alimento para Justiça: Poder, Política e Desigualdades Alimentares na Bioeconomia, com sede na Freie Universität Berlin, na Alemanha, 125,6 milhões de brasileiros sofrem com insegurança alimentar durante a pandemia da covid-19.Mirele Diovana, do Movimento das Mulheres Camponesas DF e Entorno, ressalta que a luta do país precisa ser retirá-lo novamente do mapa da fome, após o projeto do governo Bolsonaro. “Ao vetar o projeto de Lei Assis de Carvalho II, que traz um programa de auxílio emergência para a Agricultura Familiar camponesa, eles acabam deixando quem sustenta o Brasil sem política pública alguma, promovendo a miséria e fortalecendo o Agronegócio, que produz soja como alternativa de alimento para a população, envenenando o campo, desertificando a região, matando e expulsando o povo que está no território para a produção de monocultura.”
Outro recente estudo publicado, através do Inquérito Nacional sobre a Insegurança Alimentar no contexto da pandemia da Covid-19 no Brasil, expõe dados sobre uma condição já vivenciada de deterioração das condições de vida da população e do aumento das desigualdades sociais que foram significativamente afetadas pela pandemia. Essa condição extrema, aliada a outros fatores, desvela a dura condição de vida enfrentada pelo povo brasileiro.“Soberania Alimentar é a radical democratização dos processos de organização da produção, comercialização e distribuição de alimentos. A luta pela Soberania Alimentar passa pela luta contra o modelo devastador do agronegócio e tem na agroecologia e na reforma agrária os pilares fundamentais de disputa, apresentando um outro modelo de agricultura, sustentável, sem veneno, com diversidade produtiva, com controle popular dos meios de produção”, afirma Marco Baratto, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Jornada da Via CampesinaParticipam da ação o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), o Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o Pastoral da Juventude Rural (PJR), o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), a Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq) e Movimento das Pescadoras e Pescadores Artesanais (MPP).A Jornada, que se iniciou no último dia 10, vai até o próximo sábado (16), Dia Internacional de Ação por Soberania Alimentar dos Povos e Contra as Transnacionais. As ações também ocorrem em resposta ao veto da Lei Assis Carvalho II, que visa amparar a agricultura familiar em razão dos efeitos econômicos da pandemia do novo coronavírus.
Fonte: Rede Brasil Atual / Imagem: MST