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11 de junho 2021

Senador denuncia Bolsonaro por favorecer laboratórios que produzem cloroquina

O senador Rogério Carvalho (PT-SE), integrante da CPI da Covid, anunciou nesta quinta-feira (10) que apresentou denúncia à Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Jair Bolsonaro. Ele é acusado de tráfico de influência em benefício dos laboratórios EMS e Apsen. As empresas são citadas nominalmente pelo presidente em telefonema ao primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. Na ligação, Bolsonaro pede que as exportações de insumos para a produção de cloroquina sejam aceleradas.“Denunciamos Bolsonaro agora na PGR. O Globo apresentou provas graves de que Bolsonaro agiu com tráfico de influência para favorecer empresas, enganar o Brasil com a cloroquina, ignorar a vacina e promover imunidade de rebanho, com contaminação dos brasileiros ao vírus”, disse Carvalho, pelo Twitter.O lobby em favor de empresários aliados foi revelado por Paulo Cappelli, no jornal O Globo. A reportagem utilizou um telegrama sigiloso do Ministério das Relações Exteriores obtido pela CPI. O documento traz a transcrição da conversa de Bolsonaro com Modi, em abril do ano passado, solicitando a liberação dos insumos.
O ‘apelo’De acordo com a correspondência, Bolsonaro fez um “apelo humanitário” pela liberação de encomendas de sulfato de hidroxicloroquina “feitas por empresas brasileiras”. Ele cita supostos “resultados animadores” no uso da medicação para tratamento de pacientes com a covid-19.“Esse carregamento inicial de 530 quilos é parte de uma encomenda maior, e foi comprado pela EMS”, afirmou o presidente. “Adianto haver, também, mais carregamentos destinados a uma outra empresa brasileira, a Apsen”. Além disso, ele afirmou que a chegada desses insumos poderia “salvar muitas vidas no Brasil”.Naquele momento, ainda se discutia a utilização da hidroxicloroquina no combate à covid-19, mas os indícios dos testes realizados já contestavam a sua eficácia. Contudo, no mês seguinte, em maio, a Organização Mundial da Saúde (OMS), havia suspendido os testes com a cloroquina e a hidroxicloroquina, por conta dos efeitos colaterais graves registrados nos pacientes. No entanto, ainda que houvesse efeitos comprovados contra a doença, é vedado ao presidente atuar em favor de interesses privados específicos.
Fonte: Rede Brasil Atual