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23 de março 2023

RS: Comitê pela Revogação do Novo Ensino Médio é lançado em evento na Faculdade de Educação

RS: Comitê pela Revogação do Novo Ensino Médio é lançado em evento na Faculdade de Educação Foi lançado o Comitê Gaúcho pela Revogação do Novo Ensino Médio, em uma atividade realizada no pátio da Faculdade de Educação da UFRGS (Faced), na tarde desta quarta-feira (22). O evento foi organizado pelo Cpers/Sindicato, pelo Grupo de Estudos em Políticas Públicas para o Ensino Médio (Geppem/UFRGS) e pelo Observatório do Ensino Médio no RS e angariou apoio de diversos sindicatos, organizações estudantis e movimentos sociais.Segundo Neiva Lazzarotto, diretora-geral do 39º Núcleo do Cpers, o objetivo principal do comitê será de mobilizar as entidades ligadas à educação e toda a sociedade para a revogação da lei que instituiu o Novo Ensino Médio (NEM), diante dos prejuízos que essa mudança trouxe para os estudantes dependentes da educação pública. Para a professora, o atual ensino médio é o projeto do "Nem-Nem": nem prepara para a universidade, nem para o trabalho.Também será uma tarefa da iniciativa a organização de comitês locais e regionais para espalhar a pauta. Além disso, a professora explica que a mobilização pela revogação do NEM também reforça as propostas que os educadores e estudantes têm apresentado nos últimos anos para a educação.
"Muita gente critica que queremos revogar o Novo Ensino Médio como se não tivéssemos nada para colocar no lugar. Essa opinião é um desrespeito com os educadores do Brasil, que há décadas acumulam propostas e experiências de um plano nacional para a educação e o ensino médio", afirma Neiva.
Educadores têm propostasA professora Liliane Giordani, diretora da Faced, leu uma carta da direção do curso, afirmando que a unidade acadêmica formalmente se posiciona contra o Novo Ensino Médio. Para a diretora, é inadmissível que, na realidade brasileira, áreas do conhecimento sejam priorizadas, em detrimento de outras.
Na posição de Liliane, isso representa uma "fragmentação no conhecimento" e aprofunda as desigualdades entre aqueles que podem pagar pela educação e aqueles não podem e que precisam conciliar os estudos com trabalho.No mesmo sentido, Mariangela Bairros, também professora da Faced, representando o Grupo de Estudos em Políticas Públicas para o Ensino Médio (Geppem), rechaça a reforma. Recorda que passou a ser implementada em período após o golpe contra o governo Dilma, não sendo discutida com os professores nem com os estudantes.Mariangela lembra ainda que o Geppem realiza pesquisas sobre o ensino médio desde 2017, acompanhando a implementação dessa política "nefasta" e disponibilizando farto material gratuito para consulta. "Dizem que não temos proposta para o Ensino Médio, na verdade nunca tivemos espaço para mostrá-las antes da implementação do NEM", afirmou.
Estudantes e professores mobilizadosA professora Jaqueline Moll, por sua vez, falando em nome do Observatório do Ensino Médio do RS, afirma que o NEM é um "profundo vazio de conhecimento". Moll se preocupa com os resultados desse projeto educacional para o Brasil. Segundo afirma, um projeto de educação determina o futuro do país. "Acesso ou exclusão determinam o caminho das sociedades. Se a juventude da classe trabalhadora tiver uma educação de qualidade, essa país muda", afirmou.A professora também ressalta que o modelo de ensino médio anterior à reforma também precisava ser mudado, mas critica que a implantação do NEM se deu destruindo o que já existia, piorando as condições de ensino.A professora Helenir Aguiar Schurer, presidenta do Cpers/Sindicato, afirmou que é um projeto antigo a tentativa de precarizar escolas para dificultar a educação da juventude dos trabalhadores. "Queriam criar dois modelos de escola: a dos que seriam os dirigentes da sociedade e a dos trabalhadores. Sempre lutamos contra isso, com a reforma do Ensino Médio, estão tentando implementar essa política", disse. Helenir falou sobre a importância da criação de comitês locais e regionais para difundir a pauta, afirmando que os educadores do estado se engajarão nessa luta.Por fim, falou o presidente da União Gaúcha dos Estudantes Secundaristas (Uges), Anderson Farias, que lamentou o fato dessa mudança ter vindo antes de investimentos na própria estrutura das escolas. Segundo informou, existem centenas de escolas na região Metropolitana da Capital que sequer têm banheiros.Anderson reclama que os jovens da educação privada têm os mesmos direitos dos jovens do ensino público e que educação de qualidade se faz com investimento nas estruturas das escolas e com a valorização dos funcionários.
Imagem: CanvaFonte: Brasil de Fato