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19 de dezembro 2024

Projeto no Senado coloca em risco pontos centrais do Plano Nacional de Alimentação Escolar

Projeto no Senado coloca em risco pontos centrais do Plano Nacional de Alimentação Escolar Entidades da sociedade civil estão mobilizadas para denunciar que o Plano Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) corre risco de ser descaracterizado e sofrer redução orçamentária, caso o Projeto de Lei 3202/2004, de autoria da senadora Janaína Farias(PT-CE) avance no Congresso Nacional. Esse PL propõe a revogação de 21 artigos da Lei 11.947/2009, que regula o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), e a criação de uma nova política chamada Política Brasileira da Alimentação Escolar. As entidades não discordam inteiramente da criação da nova política, mas veem com preocupação a revogação ampla da legislação anterior. Entidades, entre elas o Observatório da Alimentação Escolar, temem que, com aprovação do projeto, mecanismos essenciais, como a dispensa de licitação, o percentual mínimo de compras da agricultura familiar e diretrizes de alimentação saudável, sejam enfraquecidos. "A primeira iniciativa que ele toma é a revogação de todos os artigos da Lei original do PNAE. Nosso receio é que, ao deixarem aberto todos os artigos dessa lei, você acaba comprometendo o programa, como, por exemplo, o risco de vir um 'jabuti' que pode acabar com a grande conquista que a gente tem, que é a garantia de que 30% dos recursos estão destinados à Agricultura Familiar.", explicou Mariana Santarelli, coordenadora do Observatório da Alimentação Escolar. Outro ponto de preocupação é um trecho do PL que altera a lei 9.394, chamada de Lei de Diretrizes e Bases, e que sugere incluir os gastos com alimentação escolar como “despesas de manutenção e desenvolvimento do ensino”. Dessa forma, a alimentação escolar passaria a disputar o mesmo orçamento que salários de professores, manutenção das escolas e outros custos da educação. "A alteração no desenho de financiamento é que esse orçamento complementar vai poder sair do Fundeb, que é o fundo hoje destinado para a educação. Qual é a consequência prática disso? Vai passar a concorrer com os recursos da educação, e a gente sabe que já são escassos, né? Essa é uma preocupação grande que a gente traz, porque a gente não quer ver um direito competindo com o outro", apontou. "Na prática, isso significa que lá na ponta o salário do professor, o dinheiro destinado a melhorar infraestruturas da escola vão concorrer com o recurso da alimentação escolar.", concluiu Mariana. O Observatório da Alimentação Escolar (ÓAÊ) e entidades da sociedade civil apontam a necessidade de maior debate público sobre o tema, destacando o risco de retrocessos nas conquistas relacionadas à segurança alimentar, direito à educação e cofinanciamento do programa.Esses e outros assuntos são os destaques do programa Bem Viver desta quinta-feira(19). 
Fonte: Brasil de Fato / Imagem: Agência Brasil