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18 de novembro 2024

Placa colocada em frente ao Dopinha para denunciar crimes da ditadura é arrancada de novo

Placa colocada em frente ao Dopinha para denunciar crimes da ditadura é arrancada de novo Depois de quatro anos, foi novamente vandalizada a placa que marca a existência do casarão que abrigou o Dopinha, um centro clandestino de repressão e tortura que funcionou em Porto Alegre entre 1964 e 1966, durante a ditadura civil-militar. Imagens realizadas na noite deste domingo (17) e na manhã desta segunda-feira (19) mostram que a placa foi totalmente arrancada. Em outubro de 2020, ela havia sido coberta por uma camada de cimento.Instalada no dia 12 de agosto de 2015 em frente ao casarão localizada na rua Santo Antonio, número 600, a placa foi uma iniciativa do projeto “Marcas da Memória”, criado por meio de uma parceria entre o Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH) com a Prefeitura de Porto Alegre para identificar locais onde ocorreram violações de direitos humanos durante a ditadura.Em 2020, dias após ser coberta com cimento, o Ministério Público Estadual (MPE) determinou que a placa fosse restaurada com o mesmo tamanho e dizeres. Na ocasião, a proprietária do imóvel firmou um acordo com a Promotoria de Defesa do Meio Ambiente para recolocar o objeto e argumentou que retirou a placa e cobriu de cimento porque ela “estaria avariada e colocando em risco a segurança de pedestres”.
A placa dizia:“Primeiro centro clandestino de detenção do Cone Sul. No número 600 da Rua Santo Antônio, funcionou estrutura paramilitar para sequestro, interrogatório, tortura e extermínio de pessoas ordenados pelo regime militar de 1964. O major Luiz Carlos Menna Barreto comandou o terror praticado por 28 militares, policiais, agentes do DOPS e civis, até que apareceu no Guaíba, o corpo com as mãos amarradas de Manoel Raymundo Soares, que suportou 152 dias de tortura, inclusive no casarão. Em 1966, com paredes manchadas de sangue, o Dopinho foi desativado e os crimes ali cometidos ficaram impunes”.O casarão que abrigou o Dopinha foi identificado como centro de tortura em junho de 2011. Em 2014, durante o governo Tarso Genro, os proprietários do imóvel concordaram em vender o local ao poder público e disponibilizá-lo para a concretização do Memorial Ico Lisbôa. O processo para a construção do Memorial parou a partir da eleição de José Ivo Sartori para o governo do Estado.No dia 5 de maio de 2016, o então prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, firmou um compromisso com representantes do Comitê Carlos de Ré da Verdade e Justiça, deputados estaduais e vereadores de que a Prefeitura bancaria a desapropriação do prédio, o que acabou não acontecendo.Em 2022, o imóvel chegou a ser oferecido numa plataforma de aluguel temporário. O anúncio dizia: “Aproveite sua estadia nesta casa de estilista, remodelada e serenamente jardinada em 1927. Nossa casa espaçosa, antiga, original e recentemente remodelada, proporciona uma estadia tranquila e segura para os hóspedes que pretendem ter uma estadia única no centro de Porto Alegre”. Dias depois, o anúncio saiu do ar.

Foto: Arquivo Foto: Sul21