Notícia SINASEFE IFSul

12 de janeiro 2022

Petroleiros tentam suspender venda de refinaria na Justiça

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e o Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro-BA) ingressaram com uma ação civil pública na Justiça Federal para anular a venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), localizada no município de São Francisco do Conde, na Bahia. Uma investigação técnica apontou que a empresa não cumpre obrigações ambientais essenciais.A refinaria foi entregue para um fundo dos Emirados Árabes no ano passado. Além de ter sido privatizada por um preço considerado baixo, as entidades também denunciam que a empresa não cumpre suas obrigações ambientais e sociais, o chamado o passivo ambiental. Um dos problemas mais graves é a existência de um lixão industrial, em uma área equivalente a 27 campos de futebol.De acordo com o diretor da Sindipetro da Bahia, Radiovaldo Costa, foi elaborada uma peça jurídica que será encaminhada à Justiça Federal para questionar o processo de privatização. O documento traz um dossiê expondo os problemas ambientais e o descumprimento da legislação federal. “É preciso uma auditoria em todo seu entorno, nas imediações da refinaria, inclusive na parte da Baía de Todos os Santos. A partir desse relatório completo, nós temos condições de dimensionar esse impacto ambiental no município de São Francisco do Conde e na Bahia como um todo”, afirmou ele à repórter Girrana Rodrigues, da TVT.Descarte inadequado de fonte radioativa e utilização irregular de uma fábrica de asfalto abandonada também foram apontados na investigação dos petroleiros sobre a refinaria.
PetrobrasA venda da Refinaria Landulpho Alves é só a ponta do processo de desmonte da Petrobras. Em 2016, a companhia deixou de ser uma grande empresa integrada que atuava no setor de energia e passou a se concentrar somente na exploração e produção de óleo cru. Enquanto os acionistas lucram, os brasileiros pagam muito mais por gasolina, diesel e botijão de gás.“O Brasil ficou refém dos preços praticados no mercado internacional e o resultado disso é essa inflação de combustíveis que observamos no último período. Desde que essa política foi adotada, em 2016, o preço da gasolina já subiu mais de 80%. Só no último ano essa elevação foi na ordem de 40%”, explica o professor de Ciência Política e Economia da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP) William Nozaki.Os especialistas também alertam: a empresa que comprou a RLAM está muito mais preocupada com o lucro do que com o abastecimento do mercado interno. Se o conjunto de privatizações das refinarias avançar, há o risco de desabastecimento.“A gente atravessou essa virada de ano com desabastecimento de combustíveis para navios, porque a compradora da RLAM está tomando as decisões de negócios sobre quais os melhores produtos e ativos refinados que vai produzir. Então essas empresas que estão comprando as refinarias vão tomar decisões sobre aquilo que deve ser refinado a partir dos seus interesses empresariais, sem preocupação com o abastecimento do mercado interno brasileiro”, alertou o professor.
Fonte: Rede Brasil Atual