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14 de janeiro 2022

Petrobras já vendeu R$ 243,7 bi em ativos e caminha para privatização "aos pedaços"

Petrobras já vendeu R$ 243,7 bi em ativos e caminha para privatização A privatização da Petrobras está em curso. Desde 2015, a estatal já vendeu R$ 243,7 bilhões em ativos, por meio de 68 transações. A maioria das vendas foi realizada durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL) e seu ministro da Economia, Paulo Guedes. De acordo com o economista Eric Gil Dantas, do Observatório Social da Petrobras, o desmonte não estimulou a concorrência, aumentou oligopólios e prejudicou a população brasileira com a elevação de preços dos combustíveis.Entre as vendas estão a distribuidora de combustíveis BR, polos de gás, gasodutos do Norte e Nordeste, além de campos de exploração de petróleo. O argumento da empresa é que este processo ajudaria a concentrar as atividades na exploração do pré-sal. O economista explica que, como a população é contrária à pauta da privatização da estatal, o fatiamento das vendas foi o método encontrado para entregá-la ao mercado privado.
“A Petrobras está sofrendo uma privatização aos pedaços, vendendo ativos valiosos. A BR Distribuidora é a maior distribuidora de combustíveis do país, sendo a segunda maior empresa do Brasil, ficando apenas atrás da própria Petrobras. O governo vendeu os gasodutos também, então a estatal que construiu e investiu para construi-los, agora paga para utilizá-los”, criticou Dantas, em entrevista a Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual.
Preços sobem, investimentos caemO integrante do Observatório Social da Petrobras afirma ainda que o processo de desmonte ajudou a compor oligopólios privados, elevando os preços e reduzindo os investimentos nestas próprias empresas.O ano de 2020 foi o que registrou o maior maior número de vendas da Petrobras, com a estatal se desfazendo de 23 bens e participações acionárias que somaram R$ 52,8 bilhões. De acordo com o especialista, um dos exemplos mais problemáticos foi a privatização da refinaria Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, por R$ 10 bilhões, entregue a um fundo financeiro árabe.“A venda da refinaria na Bahia é exemplar. A disposição das refinarias não é de concorrência, a do Amazonas não concorre com a de São Paulo, pois cada uma abastece sua região. Se elas não concorrem entre si, a entrega de uma refinaria também é a venda de um mercado local. Há um estudo da PUC-Rio mostrando que a falta de concorrência permite que se exerça qualquer preço. Quando temos a concentração de mercado numa estatal, há uma responsabilidade social, o que não existe com numa empresa privada”, criticou.Com a crise econômica somada à pandemia de covid-19, a Petrobras poderia ser um indutor de investimentos para o país, segundo Gil Dantas. “A Petrobras é uma empresa importante para a economia brasileira. Em 2013, ela investiu R$ 150 bilhões e quando se entrega esses setores ao mercado privado, esse investimento cai e até os salários diminuem. Os investimentos não são para retorno de curto prazo”, acrescentou.
Fonte: Rede Brasil Atual / Imagem: Agência Brasil