Notícia SINASEFE IFSul

21 de agosto 2023

Pesquisa revela que brasileiros estão entre os que gastam mais tempo nas redes sociais

Pesquisa revela que brasileiros estão entre os que gastam mais tempo nas redes sociais O avanço tecnológico e o uso das redes sociais trouxeram mudanças consideráveis para toda a sociedade. Novas formas de trabalho, estudo, obtenção de informação. Contudo, nos tornamos reféns, ficamos conectados o tempo todo, sempre aguardando mensagens e informações. Por vezes, sentimos ansiedade e obrigação de visualizar, comentar, responder e não perdermos contato com o mundo virtual. A esse processo dá-se o nome de “Folo” – fear of logging off –, ou, medo de ficar desconectado.É sobre a conexão o tempo todo que uma pesquisa tem foco. Sobretudo para entender o papel que as redes sociais desempenham no nosso cotidiano, o quanto nossas vidas estão alicerçadas na conexão full time, o quanto o nosso desempenho profissional e educacional e ainda as nossas relações interpessoais são afetadas positiva ou negativamente pela conexão ininterrupta nas redes sociais.
A Pesquisa da Consultoria em Marketing Digital Conversion (2021) mostra que os brasileiros ficam conectados em média quatro horas e oito minutos diariamente nas redes sociais. A média mundial é de duas horas e vinte e cinco minutos. A pesquisa evidencia que o WhatsApp é a rede mais acessada. Na sequência, estão Facebook e Instagram.Pesquisadores afirmam que se antes era comum acessarmos a internet e sairmos, hoje é praticamente impossível, pois estamos constantemente conectados aos computadores e smartphones. O tempo todo. As pessoas não acionam o botão de saída das plataformas digitais. Acabam ficando de prontidão para estarem aptas a responder, interagir, compartilhar tudo, a qualquer momento. Essa conexão gera o sentimento de estarmos logados a tudo e a todos a qualquer momento. Contudo isso tem um custo. Traz a ansiedade, a exaustão, e o sentimento de que é preciso estar atento a todo o momento.
Medo de ficar desconectadoO “Folo” é algo recorrente essencialmente nos jovens. Foi o que identificou a pesquisadora Denise De Micheli, chefe do departamento de Psicologia da Unifesp, a partir de uma pesquisa com 264 adolescentes entre 13 e 17 anos, de escolas públicas e privadas.O propósito da pesquisa foi identificar a influência do uso das redes socais na qualidade de vida destes jovens.  A pesquisa revelou que 68% sofrem de dependência moderada em relação às tecnologias e mídias sociais, e 20% estavam enquadrados na dependência grave. Os jovens enquadrados como dependência leve apresentam melhor qualidade de vida nos aspectos físico, social e sentimental. Já os outros dois grupos apresentam médias menores na qualidade de vida física, sentimental, social e escolar. A pesquisadora conclui que é urgente que o Transtorno da Dependência Digital (TDI) seja incluído na listagem do Manual Estatístico de Transtornos Mentais.Diante das pesquisas, é possível perceber que o uso excessivo pode se tornar um vício. Especialistas afirmam que pode haver danos ao cérebro, tais como dificuldade na aprendizagem, depressão, insônia, solidão e risco de dependência tecnológica. Os likes geram uma sensação de euforia, desta forma o cérebro compreende que o acesso às redes sociais traz uma recompensa para o organismo, libera a dopamina, gerando a dependência.
Neste sentido, foi efetuada uma pesquisa com jovens da região do ABC. Houve a aplicação de um questionário eletrônico com duas seções, uma para identificar o perfil dos respondentes e a outra com questões acerca do comportamento do uso das redes sociais. O questionário foi inserido nas redes sociais (WhatsApp, Facebook, Instagram e LinkedIn).
Foram recepcionados 183 questionários. A pesquisa teve como maior incidência pessoas do gênero feminino, na faixa etária de 18 a 21 anos, solteiros, alunos na modalidade presencial e com ensino superior incompleto. O ramo de atividade de serviços no formato presencial.

WhatsApp é a rede de maior usoA rede social de maior uso é o WhatsApp, seguido pelo e-mail, Instagram, YouTube, Facebook, LinkedIn, Tik Tok, Twitter, Messenger, Pinterest, WKwai e Tinder.Questionados sobre os motivos pelos quais fazem uso das redes sociais, sobressai a comunicação social, seguido pela comunicação profissional e entretenimento.
Quanto ao tempo de conexão diariamente, chama a atenção os que ficam acima de cinco horas (20,2%) e os que ficam até cinco horas (12,6%).
Quanto ao acesso das redes sociais no ambiente de trabalho, 91 (49,7%), alegam que o acesso é feito somente nos horários de intervalo. Já 59 (32,2%) acessam durante o expediente, a qualquer momento. Outros 29 (15,8%) afirmam que apesar de a empresa permitir o acesso, preferem acessar fora do ambiente de trabalho. Apenas 4 (2,2%) dos respondentes afirmam que a empresa proíbe o acesso durante o expediente.
Questionados se o acesso às redes sociais trouxe algum tipo de prejuízo ao rendimento profissional ou escolar, 74 (40,4%) alegam que não tiveram nenhum prejuízo; 53 (29%) tiveram prejuízo no rendimento profissional e escolar; 37 (20,2%) no rendimento escolar e 19 (10,4%) no rendimento profissional.
Diante dos resultados, é possível perceber que o uso constante e inadequado das redes sociais inviabiliza a produtividade tanto no ambiente profissional quanto escolar.

AnsiedadeEm relação aos sentimentos e comportamentos, ficou evidente que a ansiedade está presente nas respostas. Fato que demonstra uma evidente necessidade de aceitação das postagens. Outro fator que merece menção, é o relacionado ao recebimento e compartilhamento de fake news, sem a comprovação da veracidade das informações recebidas.Ficou evidente nas respostas que a conexão constante já causou algum tipo de interferência nas relações interpessoais.    Quanto ao uso do celular, 108 (59%) dos respondentes priorizam deixar o celular sempre por perto para verificar as notificações. Outro achado importante na pesquisa é o fato de que apenas uma minoria adota uma rotina para responder as mensagens recebidas e que alguns preferem responder imediatamente, podendo causar danos à produtividade.A questão relacionada à visualização de mensagens no celular enquanto dirige é outro ponto que merece destaque e causa preocupação. A despeito de haver incidência de multas de trânsito relacionadas ao uso do celular, a pesquisa demonstrou que 35,5% dos respondentes alegam já terem deixado de prestar atenção no trânsito por visualizar as mensagens.  Foi solicitado que os respondentes atribuíssem uma nota de 1 a 10, para o grau de dependência das redes sociais. Sendo que quanto mais próximo de 10, maior é a dependência, já quanto mais próximo de 1 menor é a dependência. A média final foi 5,76, fato que indica que existe uma dependência de nível moderado para forte das redes sociais.
ResultadosOs resultados possibilitam concluir que é inegável a contribuição das inovações tecnológicas no nosso cotidiano. Contudo o uso exagerado, descontrolado e desmedido pode acarretar prejuízo aos usuários, visto a tendência demonstrada em ficar conectado o tempo, e os sentimentos de ansiedade e preocupação ante a possibilidade de desconexão.A pesquisa corrobora os resultados levantados nas pesquisas relacionadas. A dependência tecnológica ficou evidente sobretudo pelo número de horas que as pessoas ficam conectadas às redes sociais e a necessidade de constante verificação dos comentários e compartilhamento das postagens. Fato que indica a necessidade de aprovação.Outro fato que merece destaque é quanto ao acesso das redes sociais nos ambientes de trabalho e de estudos, levando a prejuízos na produtividade, soma-se a isso a interferência causada nas relações interpessoais.Conclui-se que a sociedade precisa se conscientizar dos males trazidos pela necessidade constante de conexão, de interação, de compartilhar, de responder, de ser visualizado. A dependência tecnológica é um tato real que está ocorrendo no nosso meio de convívio.   Antonio Aparecido de Carvalho. Doutor em Administração, mestre em Administração, Comunicação e Educação, MBA em Marketing, MBA em Gestão e Inovação do Ensino a Distância, especialista em Finanças e Direito Educacional e coordenador e professor do curso de Administração da Fasb  Renato dos Reis Cirera. Graduação em ANÁLISE E DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS, Especialização em GESTÃO DE MARKETING, Mestrado Engenharia de Sistemas de Informação na UFABC trancado. Professor de Tecnologia e Informação da Faculdade São Bernardo.Neli Maria Mengalli. Doutora em Educação pela PUC de São Paulo, mestre em Educação – PUC de São Paulo, especialista em Tecnologia da Educação, graduada em Letras e Pedagogia, professora do curso de Administração da Faculdade São Bernardo, servidora pública na Secretaria de Estado da Educação.
Fonte: Rede Brasil Atual / Imagem: Canva