Pesquisa do Sintergs revela cenário crítico do IPE Saúde no interior do RS
Uma pesquisa inédita, realizada entre maio e junho de 2025, mostra um quadro considerado preocupante sobre a prestação de serviços credenciados pelo IPE Saúde fora de Porto Alegre. Os dados são de levantamento realizado pelo Sindicato dos Servidores de Nível Superior do RS (Sintergs), que representa quase 10 mil servidores estaduais.Intitulada “Pesquisa sobre a prestação de serviços credenciados ao IPE-Saúde no interior do RS – 2025: um olhar do associado Sintergs”, a consulta ouviu 309 associados residentes no interior do estado e resultou em um relatório analítico-descritivo apresentado ao conselho do IPE Saúde. Entre os principais achados, chama atenção o alto índice de dificuldade relatado pelos usuários para encontrar médicos especialistas, clínicas e serviços credenciados em suas regiões.Servidores ouvidos pela pesquisa de municípios como Encantado, Carazinho, Farroupilha, Espumoso, Ijuí e Arroio Grande, relataram ausência total ou quase total de profissionais que atendam pelo IPE. Em alguns casos, os poucos médicos credenciados ainda cobram valores extras para a primeira consulta, inviabilizando o acesso garantido pelo IPE Saúde.Para os respondentes da pesquisa do Sintergs, os médicos especialistas, serviços especializados em saúde ou clínicas médicas pelo IPE-Saúde que mais faltam no interior do RS são ginecologista (8,9%), endocronologista (8,2%), cardiologista (7,4%), dermatologista (5,3%), psiquiatra (5,3%), neurologista (5,3%), oftalmologista (3,2%) e pediatra (3,2%).“O IPE Saúde vem falhando gravemente em garantir um atendimento minimamente adequado no interior, ainda que as mensalidades pagas pelos servidores públicos do Estado tenham sido reajustadas de forma exponencial na recente reforma do IPE Saúde. A ausência alarmante de profissionais, inclusive médicos generalistas em muitas cidades, revela um descaso inaceitável. É reflexo direto da falta de uma gestão estratégica eficiente”, afirma Priscilla Lunardelli, 2º Vice-Presidente do Sintergs e coordenadora da pesquisa. ReembolsoOutro dado preocupante revelado pela pesquisa do Sintergs é o desconhecimento sobre o direito ao reembolso de consultas médicas particulares. Grande parte dos entrevistados nunca utilizou ou sequer sabia da existência desse mecanismo de ressarcimento, o que evidencia a necessidade urgente de campanhas educativas e informativas por parte do IPE Saúde.A pesquisa também abriu espaço para que os próprios usuários sugerissem nomes de profissionais interessados em se credenciar ao plano, além de apontarem especialidades médicas que mais fazem falta em suas regiões.“O levantamento revela a sensação de abandono sentida por usuários que, mesmo contribuindo regularmente para o sistema, têm seus direitos restringidos por falta de estrutura, informação e transparência. Nosso papel é seguir escutando os servidores, denunciando falhas, propondo e cobrando soluções. O IPE Saúde precisa ser reconstruído com base no respeito aos seus usuários, especialmente aqueles que vivem longe da capital”, destaca Nelcir André Varnier, presidente do Sintergs.De acordo com o sindicato, o relatório completo com dados quantitativos e relatos qualitativos será protocolado junto ao Conselho do IPE Saúde e servirá de base para novas ações institucionais “em defesa de um sistema mais justo e acessível para todos os servidores gaúchos”. Fonte: Sul 21 /Imagem: ASCOM IPE Saúde