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29 de julho 2024

Museu de Arte do RS completa 70 anos em meio à reestruturação após enchente histórica

Museu de Arte do RS completa 70 anos em meio à reestruturação após enchente histórica Neste sábado (27), o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS) completa 70 anos. O aniversário está sendo comemorado de forma atípica, com o museu fechado para consertos na estrutura e restauração de obras de arte danificadas: a enchente de maio não poupou o prédio histórico situado na Praça da Alfândega.Desde 1978, o MARGS ocupa a antiga sede da Delegacia Fiscal, construída em 1913. O edifício já havia passado pela enchente de 1941, superada pela cheia do Guaíba em 2024. No entanto, quase não há informações de como o prédio foi afetado pela água que adentrou o Centro Histórico há mais de 80 anos.“Hoje nos damos conta de que passamos pela segunda inundação no prédio, mas a primeira do museu”, pondera o diretor-curador do MARGS, Francisco Dalcol. “Surgem questões sobre que tipo de dano aconteceu e quanto tempo o prédio levou para ser restabelecido como Delegacia Fiscal”.Aos 70 anos, o MARGS presencia uma crise que abala certezas estabelecidas antes mesmo de o museu ser idealizado – como a de que construções praticamente às margens do Guaíba não enfrentariam problemas futuros.O MARGS não é o único museu que fica perto do rio: o Farol Santander e o Museu Antropológico do Rio Grande do Sul (MARS) são vizinhos, na Praça da Alfândega; a Casa de Cultura Mário Quintana fica a poucos metros; a Fundação Iberê Camargo tem pequenas janelas com uma vista peculiar do Guaíba.“Uma tragédia como essa certamente gera reflexão sobre a localização dos museus”, afirma Dalcol. “O mais imediato – e que todas as instituições já estão pensando –  é o que fazer com seus acervos, uma vez permanecendo nos prédios atuais. No MARGS, nosso plano é que não tenhamos mais obras de arte no andar inferior que foi atingido pela inundação. Nem exposições, nem reserva técnica. A tendência é que as obras e o patrimônio sejam protegidos e salvaguardados em regiões afastadas da orla, mas mais imediatamente, que não fiquem perto da calçada”.Tamanho zelo pelo material abrigado no museu tem motivo: o MARGS guarda parte da história do Rio Grande do Sul, contada através de obras de arte. O acervo conta com 5,7 mil peças. “São obras desde o século 19 até a atualidade, de artistas brasileiros e estrangeiros, mas com ênfase em artistas gaúchos”, explica Dalcol.Quando a água subia no Centro, foi montada uma força-tarefa para movimentar centenas de peças do museu até o momento de evacuação do prédio, na tarde de 3 de maio.No interior do térreo do MARGS, a água chegou a 2 metros de altura. Apesar dos esforços da equipe, a enchente impactou diretamente o  mobiliário, equipamentos, documentos administrativos e obras do acervo em papel, entre gravuras, fotografias e desenhos. A água e a umidade atingiram as documentações administrativas e do acervo, o estoque de publicações e os catálogos. 
Expectativa para a reabertura“O trabalho do museu é de uma temporalidade complexa. Trabalha o passado, desde o presente, mas fazendo isso também projeta o futuro”, define Dalcol. “Nesse momento, em que passamos pela maior tragédia ambiental do Rio Grande do Sul, esse tema fica ainda mais aprofundado: o museu está se restabelecendo pensando na sua perpetuação para as próximas gerações. As obras e a instituição se perpetuam”.Apesar das crises que forçam mudanças, o MARGS continua – e continuará – contando a história do Estado através da arte. “Cabe ao museu, permanentemente, continuar adquirindo mais obras históricas ao mesmo tempo em que dialoga com a produção contemporânea. Também é preciso atualizar o acervo observando os chamados negligenciamentos históricos – certas lacunas de artistas, sobretudo do passado, que não integravam o acervo e que hoje o museu deve procurar representar também”, projeta Dalcol.Para tanto, todos os esforços estão voltados para o salvamento de obras, patrimônio e documentos afetados pela água e pela umidade, além do restabelecimento das redes elétrica, hidráulica e do sistema de climatização. A intenção é reabrir o museu o quanto antes – mas ainda sem data definida para a reabertura.“Se tudo correr como o planejado, temos a expectativa de que o museu reabra este ano. Mas, pela complexidade do processo, muitas vezes não se consegue conduzir as obras [de reestruturação e restauro] dentro do tempo esperado. Gostaríamos muito de abrir o museu para a Feira do Livro, consideramos uma reabertura parcial se for possível”, detalha o diretor.As ações estão sendo iniciadas com patrocínio de R$ 5,6 milhões do Banrisul, além de recursos do Estado por meio da Sedac, doações recebidas pelo Museu e iniciativas da Associação de Amigos — AAMARGS.

Comemoração do septuagenárioCom a sede do MARGS fechada, a comemoração do aniversário de 70 anos será na Fundação Iberê Camargo. A exposição “Iberê e o MARGS: trajetórias e encontros” será inaugurada neste sábado (27) a partir das 14h. Em preparação há mais de um ano, como parte da programação dos 70 anos realizada fora do Museu por outras instituições, a exposição se dá em sequência à parceria com a Fundação Iberê que trouxe a Porto Alegre a exposição “Carlos Vergara — Poética da exuberância”, apresentada simultaneamente nas duas instituições, tendo sido interrompida também em maio.

Fonte: Sul21Foto: Isabelle Rieger/Sul21