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18 de outubro 2021

Mulheres têm mais medo de sofrer assédio sexual nas ruas do que de serem assaltadas

Mulheres têm mais medo de sofrer assédio sexual nas ruas do que de serem assaltadas Mulheres sentem mais medo de sofrer importunação e assédio sexual durante o deslocamento pelas cidades do que de serem assaltadas. De acordo com uma pesquisa recente, realizada pelos institutos Locomotiva e Patrícia Galvão, até 34% do público feminino se sente inseguro durante no trajeto pela cidade onde vivem, frente a 24% dos homens. O levantamento “Percepções sobre segurança das mulheres no deslocamentos pela cidade” foi realizado com 2.017 pessoas entre os dias 30 de julho e 10 de agosto deste ano. Essa insegurança, segundo as entrevistadas, é justificada pelas experiências. Cerca de 69% delas já receberam olhares insistentes e cantadas inconvenientes durante o deslocamento. E ao menos 36% já foram vítimas de importunação ou assédio sexual. O estudo revela que, no caso das mulheres, elas foram mais vítimas desse tipo de violência do que de outros crimes, como assalto, furto ou sequestro relâmpago, em que 34% das entrevistadas relataram já ter sido vítimas durante o deslocamento. Os reflexo desses episódios são diversos na vida das mulheres. Até dois terços mudaram o comportamento de alguma forma, evitando, por exemplo, passar por locais desertos e durante à noite. E 53% tiveram um abalo psicológico após o episódio de violência, conforma destaca a diretora executiva do Instituto Patrícia Galvão, Jacira Melo. 
Insegurança cotidiana“A pesquisa revela que, por insegurança, as mulheres mudam comportamentos e as suas rotinas. Em busca de maior segurança elas adotam medidas que comprometem a sua autonomia, como mudar de trajeto ou até pedir para alguém a esperar na porta de casa. (…) é um ambiente de insegurança que as mulheres convivem cotidianamente em que elas buscam várias alternativas e caminhos para seguir um pouco mais seguras”,  descreve. Um dos maiores medos das mulheres que participaram da pesquisa é no momento em que elas precisam usar o transporte público, sobretudo ônibus, onde 45% delas se sentem inseguras. Entre as entrevistadas, 54% já sofreram importunação ou assédio sexual nesse meio. Mas a rua ainda é o lugar onde as mulheres mais se sentem inseguras. Pelo menos 51% delas não sentem segurança nos pontos de ônibus e apenas um quarto se sente muito segura mesmo quando estão perto de casa. O medo de andar nas ruas é ainda maior à noite. Até 68% das mulheres contaram ter muito medo de saírem sozinhas no período no bairro em que moram. Jacira aponta alguns fatores que contribuem para essa insegurança. “A falta de iluminação pública, a ausência de policiamento, ruas desertas e a grande quantidade de espaços públicos abandonados. Questões que podem ser solucionadas com a implementação de políticas efetivas, além de ações de zeladoria mais frequentes. As cidades precisam estar mais cuidadas, iluminadas, com mais polícias e segurança pública nos espaços. Estamos falando de algo que é muito conhecido pela população e que a pesquisa traz um retrato de insegurança, mas que pode ser melhor tratado e resolvido se nós tivermos uma visão, principalmente do setor público, de trazer essas questões tão essenciais”, observa a diretora executiva.
Fonte: Rede Brasil Atual / Imagem: Canva