Sergio Affonso Araújo de Oliveira, servidor aposentado da Secretaria Estadual da Saúde, afirma nunca ter vivido, em seus 42 anos como funcionário público, uma situação tão preocupante como a atual.
A razão de tamanha preocupação passa pelo contexto dos sete anos sem reajuste salarial real, da reforma administrativa aprovada pelo governo Leite em 2020, que aumentou contribuições do servidor, e da alta inflação que afeta o brasileiro nos últimos anos.
Ele também reclama da queda da qualidade do serviço do IPE Saúde nos últimos anos, com muitos médicos se descredenciando do plano. Em que pese a piora do serviço, os descontos no contra-cheque nunca pararam.
“Se o governo não repassa, os médicos não recebem. E se os médicos não recebem, eles começam a cortar as consultas. Então a gente está pagando, mas não está tendo o atendimento”, explica.
Por sorte, diz ele, nunca precisou de uma cirurgia ou internação, tão pouco sua esposa, que é sua dependente. Se tivesse precisado, teme pelo que poderia acontecer. A esposa, inclusive, há anos consultava com uma cardiologista para acompanhar um problema de sopro no coração. Não faz muito, a médica se descredenciou do IPE Saúde e agora o casal está à procura de outro profissional.
Oliveira classifica como uma “desumanidade” a proposta do governo de cobrar dos dependentes. “Além de termos dificuldade na consulta, agora querem taxar o dependente. E taxar duramente, não é só uma contribuição simples. Imagina… paguei a previdência por 42 anos e agora sigo pagando bem mais do que quando era da ativa… Oito anos sem reajuste e só desconto, desconto, desconto. Sinceramente, acho que o governador está querendo acabar com os aposentados”, lamenta o ex-funcionário da Secretaria Estadual da Saúde, aposentado há cinco anos.
Assim como a professora aposentada Marly Cambraia, ele também reclama da proposta do governo de cobrar menos de quem é jovem e tem maior salário, e mais de quem é idoso e tem rendimento menor. O IPE Saúde, antes solidário, avalia ele, não existirá mais se a proposta do governo for aprovada.
“Chega a ser piada isso daí”, critica Oliveira. “O governo não repassa os valores e quer botar toda a dívida em cima de nós, dos servidores públicos. Espero que os deputados pensem com justiça e não aprovem essa aberração.”
Fonte: Sul 21 / Imagem: CPERS/Divulgação