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14 de setembro 2022

Deputado Douglas Garcia é alvo de pedido de cassação e investigação

Deputado Douglas Garcia é alvo de pedido de cassação e investigação O deputado estadual em São Paulo Emidio de Souza (PT) apresentou, na manhã desta quarta-feira (14), representação contra o colega Douglas Garcia (Republicanos-SP) no Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), por quebra de decoro, depois de mais uma cena protagonizada por um bolsonarista violento contra uma mulher. Desta vez, a vítima, novamente, foi a jornalista Vera Magalhães. “A postura do parlamentar é incompatível com o Estado Democrático de Direito. E seu comportamento perante a jornalista Vera Magalhães representa um grave desrespeito com as mulheres”, escreveu Emidio no Twitter. O deputado estadual Paulo Fiorillo também assina o pedido.O gabinete da deputada estadual Mônica Seixas (Psol) afirma ter protocolado pedido de cassação do mandato do deputado, também por quebra de decoro. A parlamentar afirma que tem “pouquíssima esperança nessa legislatura, mas é preciso pressionar a Alesp”. “Um deputado não só agrediu uma mulher, mas também o livre exercício da imprensa.”As também deputadas estaduais Marcia Lia, líder do PT na Assembleia, e Leci Brandão (PCdoB) ingressaram com representação no Conselho de Ética da Casa. “A violência política e o ódio propagado por alguns setores radicais da política têm sido recorrentes na campanha eleitoral. Colocando em situação de ameaça jornalistas, apoiadores, candidatos e eleitores. Esse fato é mais um episódio nessa triste realidade, perseguição e ameaça a jornalistas especialmente dirigido contra mulheres. A imunidade parlamentar não protege esse comportamento”, afirmam. Ao final do debate entre os candidatos a governador de São Paulo, o deputado seguidor de Bolsonaro aproximou-se da jornalista e começou a filmá-la. Depois, passou a ofendê-la, reproduzindo termos usados por Bolsonaro em debate de 28 de agosto. Na ocasião, o chefe de governo afirmou que ela “é vergonha para o jornalismo brasileiro”.
Folha corridaA vereadora em Campinas Mariana Conti lembrou, no Twitter, que Douglas Garcia expôs “milhares de nomes e dados pessoais” de opositores de Bolsonaro em 2020 (leia aqui). Ele atacou medidas de isolamento social contra a covid-19. Além disso, é alvo do Supremo Tribunal Federal (STF) de inquérito sobre disseminação de fake news.Garcia foi o criador do bloco de carnaval Porão do DOPS, em 2018, uma referência ao órgão da Polícia Civil responsável pela tortura e assassinato de milhares de pessoas durante a ditadura militar. Na ocasião, a Justiça barrou o desfile, depois de acionada pelo grupo Tortura Nunca Mais. “Que os réus Douglas Garcia Bispo dos Santos e Edson Salomão se abstenham de utilizar expressões, símbolos e fotografias claramente entendidas como ‘apologia ao crime de tortura’ ou a quaisquer outros ilícitos penais, seja através das redes sociais, seja mediante desfile ou manifestação em local público, notadamente através do bloco carnavalesco”.Em 2020, ele foi expulso do PSL por disseminação de fake news e ataques às instituições democráticas. “O ataque à Vera não é o primeiro escândalo desse fascista. Douglas não pode ter espaço nem na sociedade, muito menos na Alesp”, defende a vereadora.
Para Haddad, Douglas Garcia merece cassaçãoCandidato a governador de São Paulo, o ex-prefeito Fernando Haddad manifestou-se no Twitter sobre mais um episódio de ódio contra mulheres. Segundo ele, o deputado que agrediu a profissional de imprensa usou “método bolsonarista de intimidação contra a democracia”.“Deputado que agride ou assedia jornalista deve ser cassado por falta de decoro. Vamos transformar a Assembleia Legislativa de SP em território livre da misoginia”, escreveu o candidato ao Palácio dos Bandeirantes.Vera Magalhães afirmou em vídeo postado no Twitter que, desde o ataque de Bolsonaro no debate sofre “ataques violentos de uma base autorizada pelo presidente da República”. Ela prometeu registrar boletim de ocorrência e cobrou uma posição do candidato bolsonarista ao governo paulista, Tarcísio de Freitas, que autorizou o agressor a receber credencial para acompanhar o debate. Usou o convite para “me ameaçar, filmar, xingar quando eu estava sentada exercendo a minha profissão”, disse a jornalista.“O que a gente presenciou é absolutamente reprovável, lamentável”, respondeu Tarcísio. Com agenda em Presidente Prudente, interior de São Paulo, o candidato bolsonarista ao governo defendeu punição a Douglas Garcia, que é do mesmo partido que ele. “Eu não posso falar pelo partido, mas acho que esse tipo de atitude tem que ser punida severamente. Inclusive, pela Alesp”, disse, segundo o g1. Resta saber se Tarcísio não teria noção de quanta gente mais com o caráter de Douglas Garcia gravita no seu entorno, em seu partido e no ambiente bolsonarista que escolheu seguir a disputa política.

Grave atentadoEnquanto Douglas Garcia filmava e dirigia ofensas à jornalista, o diretor de Jornalismo da TV Cultura, Leão Serva, interveio, arrancou o celular da mão de deputado e arremessou o aparelho para longe. A cena viralizou na internet.O Conselho de Ética da assembleia divulgou nota em que diz que “repudia condutas ofensivas e desrespeitosas, sempre prezando pelo respeito, diálogo e tolerância entre todos” e que irá apurar as denúncias em relação à conduta do deputado Douglas Garcia “com transparência e celeridade”. O texto é assinado pelo presidente do Conselho, deputado Carlão Pignatari (PSDB).O Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) também divulgaram mensagens de repúdio à agressão. “O ataque misógino à jornalista soma-se aos tantos já protagonizados por apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), e pelo próprio presidente, e representa não só uma violência contra todas as mulheres e contra toda a categoria dos jornalistas, mas também mais um grave atentado à Democracia em nosso país”, diz a nota.
Foto: Marco Antonio Cardelino/AlespFonte: Rede Brasil Atual

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