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3 de abril 2023

Delegação do Sinasefe-IFSul participa do 2º ENNIQ

Delegação do Sinasefe-IFSul participa do 2º ENNIQ Uma delegação formada por quinze filiadas(os) do Sinasefe-IFSul participou, entre os dias 22 e 26 de março, do 2º Encontro de Negras, Negros, Indígenas e Quilombolas, organizado pela pasta de combate às opressões do Sinasefe Nacional. O evento ocorreu em Maceió e contou com mesas temáticas, apresentações artísticas, grupos de trabalho e uma viagem ao Quilombo dos Palmares e à Aldeia Mara da Cafurna. Essa foi a segunda edição do encontro e a primeira realizada de forma presencial. De acordo com o credenciamento, o 2º ENNIQ teve a participação de 301 sindicalizados(as). 80% dos participantes são negras, negros, indígenas e quilombolas! Lembrando que, de acordo com a convocação, as seções poderiam compor suas delegações com 60% de pessoas racializadas e 40% de pessoas brancas. Veja a seguir um resumo do 2º ENNIQ:
O primeiro dia do Encontro começou com credenciamento e entrega dos kits para as delegações. Pela manhã, ocorreram as oficinas “Palavra cantada, herança da diáspora africana no Brasil. Qual o teu nome?”, ministrada por Celiana Maria dos Santos; e “Introdução às línguas indígenas brasileiras – um panorama sobre a diversidade linguística no Brasil e sua contribuição na formação do português brasileiro”, ministrada por Lucas Barbosa (IFBA). A delegação do Sinasefe-IFSul se dividiu entre as oficinas e pôde acompanhar a apresentação de um trio nordestino de forrozeiros, que animou o ambiente com clássicos do forró pé de serra. Durante a tarde, ocorreram as oficinas “Precisamos falar sobre masculinidade tóxica!”; “Cinema indígena em Alagoas: resistência contra colonial”; “Confecção de turbantes”; “Pinturas corporais/grafismos indígenas” e "Yoga".Durante a noite, ocorreu a mesa de abertura do 2º ENNIQ, intitulada “Enquanto houver racismo, não há democracia: a luta por direitos de Negres, Indígenas e quilombolas no Brasil”. A mediação e a abertura da mesa foram feitas por Elaine Lima (Sintietfal); Camila Félix (Secretária da Coordenação de Combate às Opressões do SINASEFE); e Stânio Vieira (Secretário-adjunto da Coordenação de Combate às Opressões do SINASEFE).A mesa de abertura teve como palestrantes Nêgo Bispo, Thiniá Shakti, Ieda Leal e Leonardo Péricles.Em suas falas, os palestrantes elencaram os atravessamentos do racismo e dos ataques sistemáticos que pessoas racializadas sofrem. Para Leonardo Péricles, a luta não deve ser para chegar ao topo, mas para implodir o topo e romper com o modelo vigente de sociedade. Já Ieda Leal lembrou que "se poder é bom, negras e negros também querem o poder" e, para isso, a professora destacou que é preciso eleger mais e mais negros e negras para ocupar os espaços de decisão no Brasil, pois esses espaços têm funcionado para aumentar a opressão racial.  O segundo dia do ENNIQ teve quatro mesas de debate e cinco apresentações culturais. A primeira mesa do dia "Aquilombar-se e aldear-se é preciso: em defesa das identidades e territorialidades no Brasil" contou com as falas de Leonardo Péricles; Eliana Silva; Eleonice Conceição Sacramento e Givanildo Manoel, além da mediação de Camila Dormentes. Em suas falas, Eleonice e Givanildo destacaram o atravessamento do machismo no processo de opressão tanto de negros como de indígenas no Brasil. Além disso, Givanildo lembrou que o "apagamento indígena ocorre em todos os campos, inclusive no acadêmico" e que a luta passa por compreender as nossas brechas.A segunda mesa do dia foi "10 anos das cotas raciais: em defesa das ações afirmativas e o (não) lugar do SINASEFE" que foi mediada por Marlene Socorro e teve falas de Felipe Tuxá; Lígia Ferreira (UFAL) e Marcilene Garcia (IFBA). Lígia Ferreira lembrou que “as políticas de ações afirmativas foram construídas pensando toda a nossa ancestralidade; o espaço acadêmico começou a se transformar como efeito dessas políticas, com estímulo à produção e reprodução científica, artística e cultural afro-brasileira e indígena aliada à divulgação”.A terceira mesa do dia do 2º ENNIQ foi "A arte como resistência étnica: linguagens e expressões em movimento de resistência no Brasil", que reforçou que a arte é, ao mesmo tempo, uma expressão da ancestralidade e uma forma de resistir e de existir em um mundo tão desigual e que tenta sistematicamente silenciar negros, indígenas e quilombolas. A mesa foi mediada por Richard Plácido e teve falas de Ana Fátima dos Santos, Maria Rosalina e Marcelo Tingui Botó, que denunciou a exclusão e a invisibilização dos povos originários do processo de construção e de representação do Brasil.A última mesa do dia foi "Contra o racismo religioso: pela liberdade dos cultos das religiões de matrizes africanas e cosmologias indígenas". A mesa foi mediada por Katiuscia Pinheiro (IFMA) e teve falas de Pai Alex, Mãe Bárbara (Mametu Kafurengá) e Sassá Tupinambá. Os palestrantes deram uma aula sobre a história das religiões de matriz africana no Brasil e o constante processo de perseguição que os sacerdotes de umbanda sofrem. Já Sassá Tupinambá apresentou um panorama sobre a luta indígena e alertou para os riscos de cometer racismo contra a crença dos outros como resultado de ignorância religiosa.No terceiro dia de evento, as(os) participantes do 2º ENNIQ tiveram a oportunidade de escolher uma das visitas guiadas que enriqueceram ainda mais o encontro, uma para a Aldeia Mata da Cafurna (em Palmeira dos Índios-AL, distante 135 km do local do evento) e outra para o Parque Memorial do Quilombo dos Palmares (em União dos Palmares-AL, distante 79 km do local do evento). Nestas viagens, os participantes tiveram uma vivência e uma conexão direta com suas ancestralidades negras, quilombolas e indígenas, em rituais e experiências místicas e enriquecedoras. A delegação do Sinasefe-IFSul optou pela visita ao Parque Memorial do Quilombo dos Palmares, uma experiência transformadora, de acordo com os participantes.O quarto dia de atividades do 2º ENNIQ começou com a última mesa temática do evento "Práticas antirracistas na Rede Federal: o papel dos Neabs, Neabis e grupos correlatos no combate aos racismos", que foi mediada por Laurenir Peniche (IFPA) e teve falas de Tâmara Lúcia (IFAL), Edilson Baniwa e Maria do Socorro Silva. Os palestrantes destacaram os desafios de garantir efetivamente os direitos da população negra e dos povos originários, mesmo com o avanço de algumas políticas públicas, o racismo estrutural ainda é uma marca muito presente em nossa sociedade e que precisa ser sistematicamente enfrentada. Socorro Silva ressaltou que  “educação antirracista passa pela articulação das lutas entre gênero, raça e classe”.Durante a tarde, os participantes do 2º ENNIQ se dividiram para participar dos quatro grupos temáticos de trabalho: GT 1 – Interseccionalidades, gênero, raça, classe e etnia: e a luta dos povos por um Brasil antirracista; GT 2 – Políticas e ações afirmativas: 10 anos da lei de cotas, 20 anos da Lei n° 10.639/2003, Lei nº 11.645/2008 e a educação antirracista no Brasil; GT 3 – Necropolítica e etnocídio: povos periféricos e a luta pelo direito à vida; e GT 4 – Política e poder: o papel do sindicato na luta antirracista e na Rede Federal de Educação. Após o encerramento dos GTs, os participantes do encontro foram recebidos no restaurante Casa de Mãinha, onde ocorreu a confraternização do 2º ENNIQ.Na manhã de domingo, 26, ocorreu a plenária final do 2º Encontro de Negros, Negras, Indígenas e Quilombolas do Sinasefe Nacional. Na plenária, o conteúdo debatido pelos quatro grupos de trabalho foi sistematizado e apresentado para deliberação. Na primeira votação, foi aprovado com 46 votos a favor e 29 votos contrários que apenas pessoas negras, indígenas e quilombolas poderiam votar na Plenária Final. Dentre as deliberações posteriores da Plenária, foi aprovado que o próximo ENNIQ seja um evento exclusivamente para pessoas racializadas. Outro encaminhamento aprovado foi a retomada do GT do SINASEFE Identidade de Gênero e Orientação Sexual, Raça, Etnia e Trabalho Infantil. O SINASEFE também irá lutar pela efetivação de uma política do Governo Federal para acesso, permanência e êxito de estudantes negros, negras, indígenas, quilombolas e de povos tradicionais da terra dentro das Instituições Federais de Ensino (IFEs).Plenária Virtual: Em função do horário e da impossibilidade de concluir a votação de todos os encaminhamentos apresentados pelos quatro grupos de trabalho, as(os) delegados aprovaram a realização de uma plenária virtual, que será realizada na manhã do dia 1º de abril, para a finalização do encontro e votação dos itens remanescentes. Na próxima assembleia geral do Sinasefe-IFSul as(os) participantes da delegação terão um espaço para a apresentação de informes sobre o encontro.

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