Notícia SINASEFE IFSul

27 de junho 2022

Cresce pressão por CPI do MEC. "Passar a limpo toda a corrupção nesse governo"

Cresce pressão por CPI do MEC. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição no Senado, iniciou a semana reforçando a pressão para a instalação da comissão parlamentar de inquérito sobre o escândalo do Ministério da Educação sob a chefia do pastor Milton Ribeiro. “Todos os pré-requisitos para a instalação da CPI do MEC estão presentes. A CPI dará à PF e ao MP a tranquilidade de fazer a investigação sem nenhum tipo de interferência política!”, postou o senador no Twitter. “Precisamos passar a limpo toda corrupção desse governo”, reforçou.A suspeita de interferência de Jair Bolsonaro na Polícia Federal para evitar desdobramentos mais sérios parece ter desencadeado um efeito bumerangue, aumentando a pressão. Randolfe é autor do pedido de CPI e já conseguiu 28 assinaturas das 27 necessárias segundo o Regimento do Senado. Os aliados do governo já eram pressionados pela série de suspeitas que já pesavam sobre o ex-ministro da Educação. A pressão aumentou exponencialmente após a Operação Acesso Pago, da Polícia Federal, que prendeu Ribeiro e outros dois pastores do esquema montado na pasta.A divulgação dos áudios de Milton Ribeiro mencionando Jair Bolsonaro (PL) e o “pressentimento” do presidente de que algo pudesse dar errado colocou a pressão em ebulição. Em abril, a base governista conseguiu que três senadores retirassem as assinaturas que a oposição já tinha conseguido. Mas os bolsonaristas sabem que tal operação é hoje mais difícil. Randolfe, porém, quer conseguir pelo menos mais três apoios para ter margem de segurança que dificulte eventuais desistências.
Interferência na PFA base do governo depende agora na disposição ou não do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para instalar a comissão. Uma tentativa é opor resistência contra-atacando com o pedido para abrir a CPI para investigar obras paradas do MEC em governos passados (que já tem 28 assinaturas) ou para apurar atuação de ONGs, fazendo coro ao discurso do Planalto. Randolfe argumenta que a CPI é um direito constitucional da minoria no Congresso e que “Pacheco é um constitucionalista”.Em mensagem enviada a colegas pelo sistema interno da Polícia Federal na semana passada, o delegado da PF Bruno Callandrini – responsável pela Operação Acesso Pago – lamentou que a investigação envolvendo corrupção no MEC “foi prejudicada pelo governo (…) em razão do tratamento diferenciado concedido pela PF ao investigado Milton Ribeiro”. “O deslocamento de Milton para a carceragem da PF em SP * – escreveu o delegado – é demonstração de interferência na condução da investigação.” Ele comentou ainda não “ter autonomia investigativa e administrativa para conduzir o Inquérito Policial deste caso com independência e segurança institucional”.No dia da prisão de Milton Ribeiro, Bolsonaro afirmou: “Ele (que) responda pelos atos dele”. O presidente acrescentou: “se tem algum problema, a PF está agindo, está investigando, é um sinal que eu não interfiro na PF, porque isso aí vai respigar em mim, obviamente”.
Bolsonaro recuaDepois, houve a nítida operação para abafar o caso. O pastor Arilton Moura, suspeito de participar de esquema de corrupção e também preso, disse à advogada, em conversa interceptada no dia da prisão, que ia “destruir todo mundo” caso sua família fosse prejudicada. Ele, Milton Ribeiro e o pastor Gilmar Santos foram soltos 24 horas após a prisão.Já Bolsonaro mudou o discurso. “O Ministério Público foi contra a prisão do Milton. Não tinha mínimo indício de corrupção por parte dele e no meu entender ele foi preso injustamente”, disse o chefe de governo neste domingo (26).
Fonte: Rede Brasil Atual / Imagem: Agência Senado