Notícia SINASEFE IFSul

8 de março 2024

8M 2024: confira os cartazes da Campanha TRANSformando luto em lutas

8M 2024: confira os cartazes da Campanha TRANSformando luto em lutas Em consonância com organização do 8M em Santa Catarina, o Sinasefe IFSC elaborou 13 cartazes especiais da Campanha TRANSformando Luto em Luta.As peças registram a existência de mulheres que transformaram (e transformam) o curso da vida em sociedade nas mais diversas áreas da política, do conhecimento, da militância e da cultura.
Carol Campêlo, Drica D’arc Meirelles, Emy Virgínia, Erika Hilton, Heba Abu Nada, Helerina Resende, Jennifer Célia Henrique, Lirous K’yo, Margarida Alves, Marielle Franco, Nega Pataxó, Palhaça Jujuba e Sara Wagner York são as mulheres celebradas nos materiais.
Confira os cartazes: https://sinasefe.org.br/site/8m-2024-confira-os-cartazes-da-campanha-transformando-luto-em-lutas/ 
Conheça um pouco de cada mulher:CAROL CAMPÊLOAna Caroline Sousa Campêlo, lésbica, 21 anos, foi brutalmente assassinada em dezembro de 2023. Ela vivia e trabalhava numa loja de conveniência de um posto de gasolina em Maranhãozinho, município localizado a 232 quilômetros de São Luís, capital do Maranhão. Carol foi assassinada com todas as características de lesbocídio, quando a motivação do crime é o ódio a pessoas lésbicas. Sua morte desencadeou uma série de atos e protestos por todo o país. Apesar do STF ter equiparado a homofobia e a transfobia ao crime de racismo em 2019, ainda não há uma lei no Brasil que proteja pessoas LGBTQIAPN+.
DRICA D’ARC MEIRELLESEstudante de serviço social, Drica foi uma destacada ativista dos direitos humanos em Santa Catarina, sempre enfrentando com muita garra as adversidades da luta contra os preconceitos e pelas inclusões das populações trans e travestis no Brasil. Era uma das organizadoras do Festival TransForma, um dos maiores festivais LGBTQIAPN+ do sul do país. Drica faleceu no dia 1º de janeiro de 2024, em Florianópolis.
EMY VIRGÍNIAA professora trans, Êmy Virgínia Oliveira da Costa, foi demitida em 2023 do Instituto Federal do Ceará (IFCE), por suposta inassiduidade. O caso, no entanto, tem todas as características de transfobia. Ela é mestre, dava aulas de inglês no IFCE e teve que se desdobrar para fazer um doutorado no Uruguai, enquanto seu pedido de afastamento não era apreciado. Entre as viagens, ela adiantava ou remarcava aulas, para que nenhum aluno fosse prejudicado. O IFCE tratou suas ausências como faltas, mas estranhamente as aulas registradas por ela no sistema acadêmico não foram apagadas. A luta pela anulação de sua demissão continua.
ERIKA HILTONCom atuação destacada em defesa dos direitos das pessoas negras e LGBTQIAPN+, Erika Hilton é a primeira Deputada Federal negra e trans na história do Brasil, eleita com mais de 256 mil votos. Em São Paulo, foi a vereadora mais votada do país em 2020, com mais de 50 mil votos. Por dois anos, foi a presidenta da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal Paulista. Em 2022, foi reconhecida como uma das “100 mulheres mais inspiradoras e influentes do mundo” pela BBC. Em 2023, por votação do público, ficou em segundo lugar entre os melhores parlamentares no Prêmio Congresso em Foco, na categoria “Melhores na Câmara”.
HEBA ABU NADAPoeta e escritora palestina, Heba Abu Nada, 32 anos, foi morta durante um ataque em Khan Yunis, na Faixa de Gaza, em outubro de 2023. Ela vinha usando seu perfil em uma rede social para falar sobre a realidade do conflito e denunciar os ataques aéreos de Israel contra civis palestinos, justamente em locais onde eram orientados a buscar refúgio. Numa última postagem antes de ser morta, Heba escreveu: “que haja uma dimensão, um canto nesse vasto universo onde a alegria, o riso e a dignidade dessas milhares de crianças e jovens possam existir, se espalhar e seguir iluminando”.
HELENIRA RESENDEMilitante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Helenira Resende lutava contra a ditadura quando desapareceu na Guerrilha do Araguaia. Ela tinha 28 anos, era estudante de Letras e chegou a ser vice-presidente da União Nacional dos Estudantes, em 1969. Em setembro de 1972, Helenira foi ferida num tiroteio e metralhada nas pernas, numa emboscada feita por fuzileiros navais. Recusou-se a entregar a localização de seus companheiros aos militares e acabou sendo torturada e morta. Hoje, a Associação dos Pós-Graduandos da Universidade de São Paulo se chama Helenira Preta Resende, em sua mulheragem.
JENNIFER CÉLIA HENRIQUE“Manezinha” nascida e criada no bairro dos Ingleses, região norte de Florianópolis, Jenni, como era conhecida, foi assassinada no dia 10 de março de 2017, em um prédio em construção na mesma localidade. Ela tinha 37 anos. Em junho de 2023, a Câmara de Vereadores da capital catarinense concedeu a medalha “Jennifer Célia Henrique” como forma de destacar entidades e defensores da diversidade sexual e de gênero na cidade. O autor do crime foi condenado a 12 anos de prisão.
LIROUS K’YOLiderança da ADEH (Associação em Defesa dos Direitos Humanos), Lirous K’yo Fonseca Ávila atua com movimentos sociais no enfrentamento aos preconceitos, acolhendo pessoas LGBTQIAPN+ por meio de diversos serviços e projetos comunitários em SC. Em 2012, recebeu o reconhecimento Anita Garibaldi como uma das 15 mulheres ativistas mais influentes do estado. Já em 2018, recebeu da Câmara de Vereadores de Florianópolis a medalha Antonieta de Barros, que reconhece mulheres que se destacam nos trabalhos sociais em Florianópolis. Lirous também trabalha como DJ desde 2016.
MARGARIDA ALVESMargarida Maria Alves, uma destacada liderança que atuou na região do Brejo Paraibano, agreste da Paraíba, lutou ativamente em defesa dos direitos trabalhistas para os camponeses da região. A atuação política de Margarida contrariava interesses econômicos dos latifundiários locais. Ela foi executada em agosto de 1983, na presença de seu marido e de seu filho, em frente de sua residência, aos 51 anos de idade. A Marcha das Margaridas, a maior ação conjunta de mulheres trabalhadoras da América Latina, leva o seu nome como um símbolo da luta pela igualdade de direitos para as mulheres do campo.
MARIELLE FRANCOMulher negra, socióloga, vereadora, cria da favela da Maré, no RJ, Marielle Franco foi assassinada no dia 14 de março de 2018, em um atentado ao carro onde estava. 13 Tiros atingiram o veículo, matando também seu motorista, Anderson Pedro Gomes. Foi uma ativista destacada na defesa dos direitos humanos e na luta pelos direitos das mulheres, cuja importância foi reconhecida não apenas no Brasil, mas também internacionalmente. Após mais de seis anos, o crime que tirou a vida de Marielle continua sem solução e os mandantes ainda continuam impunes.
NEGA PATAXÓMaria de Fátima Muniz, mais conhecida como Nega Pataxó, era uma liderança espiritual do povo Pataxó Hã Hã Hãe e professora com importante atuação junto à juventude e às mulheres indígenas. Com seu irmão, integrava a rede de saberes tradicionais das Universidades Brasileiras, sendo Doutora em Educação por Notório Saber pela UFMG. Por sua militância, ela foi torturada e assassinada por fazendeiros, com o apoio de policiais militares da Bahia, em janeiro de 2024. Ela é mais uma vítima da incansável luta pelo reconhecimento dos territórios indígenas no Brasil.
PALHAÇA JUJUBAArtista Venezuelana, Julieta Ines Hernández Martinez, 38 anos, conhecida como “Palhaça Jujuba”, chegou ao Brasil em 2015 e desde então viajava pelo país em uma bicicleta, espalhando alegria, arte e cultura. Juntamente com o grupo do “Pé Vermêi”, que conta com artistas populares e cicloviajantes que pedalam por vários estados brasileiros, ela fazia apresentações circenses e também trabalhava como bonequeira, confeccionando réplicas de pessoas em miniatura. “Jujuba” tinha decidido voltar ao país de origem para rever a mãe, quando foi assassinada no interior do estado do Amazonas.
SARA WAGNER YORKSara Wagner York, ou Sara Wagner Pimenta Gonçalves Júnior, é deficiente visual, pai, avó, apresentando-se como travesti da/na Educação. Liderança da Associação Nacional de Travestis e Transexuais e especialista em Gênero e Sexualidades, Sara se tornou também a primeira travesti a atuar como âncora à frente de um jornal (Giro das 11, na TV 247). York é uma das principais vozes da luta pelos direitos da população LGBTQIAPN+ no Brasil. Sua atuação se concentra na defesa da educação inclusiva e democrática, da equidade de gênero e da despatologização das identidades trans.
Fonte: Sinasefe Nacional