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18 de setembro 2019

Leite anuncia 30 nomes indicados para CREs; 20 têm relações com partidos da base governista

No início deste mês, o governo do Estado do Rio Grande do Sul anunciou os nomes indicados para as Coordenadorias Regionais da Educação (CREs), cuja responsabilidade é a implementar políticas da Secretaria de Educação (Seduc) e gerir todas as cerca de 2,5 mil escolas do Estado. Dentre os 30 novos coordenadores, 20 são filiados aos partidos da base governista ou têm relações muito próximas com filiados, segundo levantamento realizado pelo Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (CPERS), publicado no último dia 13.De acordo com a investigação, que foi realizada a partir da base de dados de filiados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e de informações públicas, oito das pessoas indicadas às CREs são filiadas ao MDB, cinco ao PSDB, duas ao PP, uma ao PR e uma ao PRB. O levantamento também aponta relações de parentesco de indicados com políticos da base do governo ou que já ocuparam cargos comissionados ou funções gratificadas em administração de partidos alinhados à legenda do governador Eduardo Leite (PSDB).Neste ano, os indicados foram escolhidos por meio do Qualifica RS, um processo de seleção de profissionais com base em competências. Anteriormente, a seleção para coordenadores(as) das CREs acontecia por indicação do governo. Segundo o governador, com o Qualifica RS o “governo faz uma nova façanha ao inovar no processo seletivo”. O processo foi lançado em abril deste ano por meio Acordo de Cooperação Técnica do Estado com a Fundação Brava, a Fundação Lemann, o Instituto Humanize e o Instituto República.Durante o anúncio dos nomes indicados, realizado no Palácio Piratini no dia 2 de setembro, Leite afirmou que “as relações político-partidárias fazem parte do processo político em uma democracia, mas quando estamos falando de educação é importante nos livrarmos da interferência política para focarmos em apenas uma coisa, que deve ser o foco de todos nós, que é a aprendizagem das nossas crianças”. “Precisamos garantir a formação de uma geração melhor para o nosso Rio Grande. Para isso, precisamos de profissionais que estejam alinhados estrategicamente”, pontuou.
Para o Cpers, no entanto, o discurso do governo de que as indicações foram realizadas apenas por critérios técnicos não se sustenta já que mais da metade dos nomeados têm alguma relação com a base governista. Segundo a presidente do Sindicato, Helenir Aguiar Schürer, o problema não está na nomeação de pessoas ligadas de alguma forma ao governo, mas sim no discurso do governador a respeito de que não haveria interferências políticas no processo seletivo para as CREs.
“Sabemos que em todos os governos as coordenadorias passam a ser espaços a serem divididos com os partidos da base aliada. Eles sempre indicaram pessoas ligadas aos partidos, sempre foi assim. Eu acho que o governo poderia ter assumido que iria indicar pessoas ligadas aos partidos, não precisava fazer o discurso da questão técnica. Ele lançou o discurso de algo novo, de uma novidade e caiu na mesmice”, disse Helenir ao Sul21.A presidente ainda ressalta que, ao expor as relações entre os novos coordenadores e os partidos da base governista, o Sindicato não busca interferir nas nomeações do governo estadual, mas mostrar as divergências entre o que foi dito e a prática: “O Cpers jamais faria uma discussão de interferir nisso, assim como nós jamais aceitaríamos que o governo interferisse em qualquer questão do Sindicato, só que se anunciou aos quatro cantos que seria diferente e no final a montanha pariu um rato”.Em nota enviada ao Sul21, a Assessoria de Comunicação Social da Seduc afirmou que “o processo de recrutamento e seleção dos coordenadores por meio do Qualifica RS não sofreu qualquer tipo de interferência política, sendo baseado exclusivamente em aspectos técnicos”. “Pela característica da função exercida por esses profissionais, era natural que alguns candidatos tivessem relação com partidos políticos. Em nenhum momento houve restrição à participação de ex-coordenadores ou de filiados. O governo reitera que a eventual filiação de algum candidato não influenciou no processo (inclusive, há coordenadores filiados a partidos de oposição ao governo), que teve ampla publicidade em todas as etapas e, por ter caráter público, tem todas informações à disposição da sociedade gaúcha”.Ao todo, a seleção para as coordenadorias teve mais de quatro mil inscritos. Conforme afirma a Seduc, todos os selecionados passaram pelo processo seletivo, que teve etapas divididas entre “análise curricular, teste de perfil, entrevista de mapeamento e competências, referências profissionais, pesquisa de crenças, painel com especialistas e entrevista com o gestor da pasta”. “A seleção dos profissionais foi realizada com absoluta transparência e participação da Fundação Lemann, que representa uma aliança com outras três entidades com um relevante histórico de parcerias com o setor público”, diz ainda a nota da secretaria.Segundo a presidente do Cpers, para o Sindicato é importante que os novos coordenadores das CREs tenham “competência para dirigir uma coordenadora e conhecimento na área da educação para que possam ajudar o bom andamento das escolas”. “Independente se for técnico ou indicação política, para nós enquanto Sindicato esperamos que sejam pessoas práticas, que tenham as condições de resolver os problemas que nós enfrentamos no dia a dia da educação e de atender as demandas das da nossa categoria e das coordenadorias, que não são poucas, principalmente em um ano atípico como temos agora, com falta de professores ainda até esse momento”, disse Helenir.

Fonte: Sul 21