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29 de setembro 2020

Governo do Estado rejeita mais de 5 mil matrículas em EJAs, Neejas e cursos técnicos

O Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (Cpers) divulgou no final da semana passada um levantamento feito junto a direções de escolas da rede estadual de ensino que aponta que milhares de alunos tiveram, em 2020, pedidos de matrícula negados em turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA), Núcleo Estadual de Educação de Jovens e Adultos (Neeja) e cursos técnicos.Segundo levantamento feito pelo sindicato junto a 43 escolas que oferecem essas modalidades, ao menos 5,3 mil alunos tentaram se matricular no ensino voltado para jovens e adultos, mas tiveram as matrículas rejeitadas. Isso ocorre porque o governo do Estado decidiu não oferecer novas vagas para turmas de 7º ano do Ensino Fundamental e 1º ano de Ensino Médio, que são os anos iniciais destas modalidade.Procurada, a Secretaria Estadual da Educação (Seduc) disse que, em razão da pandemia do coronavírus, decidiu estender o período letivo das modalidades, que funcionam em regime semestral, com o objetivo de dar mais prazo para os alunos que já estão matriculados concluírem os cursos em andamento. Segundo a pasta, esta medida, que resultou na suspensão de novas matrículas, ocorreu de maneira excepcional. “A Seduc ressalta que as transferências seguem normais e realiza uma busca ativa dos alunos que deixaram de comparecer às aulas para evitar a evasão escolar”, diz nota encaminhada à reportagem.Contudo, preocupa a presidente do Cpers, Helenir Aguiar Schurer, que a não abertura de turmas neste momento possa resultar em redução na oferta de vagas nos próximos anos. Ela explica que, com a não abertura de vagas, não haverá turma de 7º ano nos EJA e de 1º ano do Ensino Médio nos cursos técnicos.“Eles estão buscando aqueles que não compareceram, que desapareceram em algum momento, mas isso não justifica não abrir vagas para novos, porque existe a demanda. Cada ciclo, as pessoas se inscrevem para iniciar”, diz. “O nosso medo é que, no ano que vem, não se tenha o 8º ano, se não tiver o 7º esse ano, e aos poucos vá se fechando os EJAs e Neejas. A nossa grande preocupação é que seja um processo de fechamento total”, complementa Helenir.Um levantamento elaborado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) a partir de dados do Censo Escolar aponta que, entre 2017 e 2019, 25,2 mil vagas de EJA foram extintas no Rio Grande do Sul, das quais 88% (22,2 mil) eram oferecidas pela rede estadual.Por outro lado, o Dieese destaca que a PNAD Contínua 2019, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que mais da metade (51,2%) dos adultos não concluiu o Ensino Médio no País, o que seria um indicativo da demanda por vagas na educação de jovens e adultos.O Cpers também expressa preocupação com a possibilidade da suspensão de matrículas resultar na redução da carga horária de professores e, possivelmente, na demissão de professores contratados ou de remanejamento para outras escolas.A presidente do Cpers diz que, por enquanto, não há informações se os professores que estão trabalhando de forma remota no ensino de jovens e adultos serão remanejados para outras áreas. O sindicato também denunciou o fechamento de vagas ao Ministério Público, que ainda não se pronunciou.
Fonte: Sul 21