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10 de setembro 2019

Estudantes da UFSC decidem entrar em greve contra bloqueio de recursos

Estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) decidiram em uma assembleia na tarde desta terça-feira (10) fazer uma greve geral estudantil. A deliberação ocorreu em uma assembleia em frente à reitoria da universidade. Desde a semana passada, mais de 50 cursos já haviam aderido à paralisação ou entrado em estado de greve.Com a greve geral estudantil, os alunos pretendem pressionar pela liberação de recursos bloqueados no orçamento da UFSC que ameaçam a continuação das atividades da instituição até o final do ano.Com a decisão, os estudantes da UFSC são os primeiros do país a aderirem à greve por causa dos cortes no orçamento das universidades públicas. Por todo o país, as instituições federais sofrem com os bloqueios de recursos feitos em maio pelo governo federal. Na assembleia desta terça, estudantes da UFSC defenderam uma paralisação nacional da educação que ocorresse a partir da mobilização dos alunos da instituição.A votação que definiu a greve geral foi feita apenas por estudantes, com cédulas que os alunos receberam no início da assembleia ao fazer um credenciamento. Antes, cerca de 20 estudantes que se inscreveram fizeram discursos, com sugestões de medidas também sobre outros temas, como a manutenção ou não da realização do vestibular e a pressão contra a sequência do projeto Future-se, proposto pelo governo federal.Após uma hora e meia de assembleia, os estudantes ergueram praticamente de forma unânime os papéis amarelos que sinalizavam o apoio à greve geral estudantil.
O que querem os estudantes?A pauta principal que leva os estudantes a uma possível greve coletiva a partir desta terça-feira é a defesa da liberação dos recursos da UFSC bloqueados em maio pelo governo federal. Segundo a instituição, um valor de R$ 60 milhões foi cortado ou contingenciado. Sem esse recurso, a universidade não consegue fechar o ano. Conforme os últimos cálculos da reitoria, as atividades da UFSC só estão garantidas até 15 de outubro.Mas além da liberação de recursos, outras pautas também mobilizam os estudantes. Uma delas é a crítica ao programa Future-se, proposto pelo governo federal. A medida prevê uma interação maior da universidade com a iniciativa privada e buscas por outras formas de financiar as atividades das universidades federais.
A UFSC vai aderir ao Future-se?O Future-se ainda não é um projeto em discussão pelo Congresso. Por enquanto, é apenas uma minuta que foi apresentada às universidades e aberta a sugestões da população até o mês passado. Mesmo assim, o texto atual do Future-se já foi rejeitado na íntegra pelo Conselho Universitário da UFSC na semana passada e por outras universidades federais de todo o país.
O vestibular será suspenso?Outras pautas também foram defendidas pelos estudantes na primeira assembleia, semana passada, como a suspensão do vestibular enquanto os recursos não forem desbloqueados. Como são ações que dependem de decisão da universidade, ainda precisam ser avaliadas pelo Conselho Universitário. Até esta segunda-feira, não havia prazo para que isso ocorresse. O próprio DCE na noite desta segunda emitiu uma nota em que afirmou que a proposta precisa ser mais discutida e ela deve voltar a integrar a pauta da assembleia desta terça-feira.A reitoria da UFSC já divulgou nota informando que o vestibular está mantido. O lançamento do edital, no entanto, que estava previsto para a última quinta-feira, foi adiado. Segundo a universidade, o motivo é a necessidade de mudanças por causa de novas regras na lei das cotas.
O Restaurante Universitário vai fechar?Inicialmente, o Restaurante Universidade (RU) fazia parte dos planos de cortes de despesas da reitoria da UFSC caso não houvesse desbloqueio de recursos até 15 de setembro. Ele seria aberto apenas para estudantes carentes. No entanto, depois de protestos dos alunos, o reitor Ubaldo Cesar Balthazar afirmou na semana passada que vai manter o RU aberto para todos enquanto houver recursos disponíveis.​— Acabou o dinheiro, fechou o RU, fechou a universidade — afirmou o reitor na ocasião.
A universidade vai parar por falta de recursos?A UFSC adotou dois planos de cortes de gastos para tentar adequar o funcionamento ao orçamento reduzido por causa dos bloqueios do governo federal, que segundo a universidade somam R$ 60 milhões sobre a verba de custeio e emendas parlamentares contingenciadas. O primeiro envolve revisão de contratos de serviços terceirizados e foi adotado desde maio. O segundo entra em vigor a partir da próxima segunda-feira se nenhum valor for desbloqueado pela União. Nesse grupo estão a unificação das aulas em apenas três prédios, corte de viagens, ar-condicionado e novas revisões de contratos.Nessas condições, a universidade diz ter recursos para tocar as atividades apenas até meados de outubro. Depois disso, sem nenhuma liberação de verba, a UFSC deve parar as atividades.
Fonte: GaúchaZH