Notícia SINASEFE IFSul

9 de maio 2019

Entrevista: Com mobilização, reitor considera que é possível reverter os cortes

Reitores de diversas universidades e institutos federais estão reunidos em Brasília (DF), desde segunda-feira (6), para discutir ações que possam reverter o corte de 30% no orçamento das Instituições Federais de Ensino. O anúncio do bloqueio de recursos foi feito no dia 30 de abril pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub. Desde então, gestores têm participado de reuniões para debater o futuro da Educação no país. O reitor do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul), Flávio Nunes, é um deles. Desde ontem (7), Nunes participa da 95ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), que se estenderá até quinta-feira (9). Nos próximos dias, irá ao Congresso dialogar com os parlamentares e solicitar apoio para pressionar o Governo Federal a rever a medida. O Conselho, do qual Nunes participa como vice-presidente de Assuntos Acadêmicos, também tem agendada uma reunião para o dia 10 de maio, sexta-feira, com o ministro da Educação, na qual serão relatadas as dificuldades enfrentadas pelas instituições de ensino.Em entrevista à ADUFPel-SSind, o reitor afirma ter expectativa de que a situação seja revertida. “Acredito que sim, esta é a nossa luta. Com toda a mobilização da sociedade que está ocorrendo para chamar a atenção do governo para rever o bloqueio, mostrando os prejuízos que irão causar se não forem revistos. Essas mobilizações têm se organizado de forma muita rápida e espontânea, mostrando a importância do tema”, assinala. 
Corte de 30% ameaça funcionamento do Instituto O Instituto sofre com o contingenciamento de recursos desde 2015, porém, conforme afirma o reitor, “este ano foi muito mais profundo e de uma forma muito abrupta”. Operando há anos com o orçamento limitado, o início de 2019 não foi diferente. A primeira liberação de recursos foi de apenas 70% do total. O restante do orçamento só foi disponibilizado no início de abril. No entanto, a instituição foi surpreendida com outro corte. Nunes conta que o novo bloqueio afetou o custeio de manutenção da instituição, além do orçamento de investimento. “Como o MEC [Ministério da Educação] bloqueou 30% sobre o todo, mas preservou o orçamento de Assistência Estudantil, isto elevou para 37,1% o bloqueio de custeio. Em um índice tão alto, mesmo que se faça muita economia, não temos como chegar até o final do ano com todas despesas previstas empenhadas”. 
Dos R$ 43.735.348,00, do orçamento de custeio previsto para 2019 em todos os 14 campi e reitoria, R$ 16.225.813,00 foram bloqueados (37,1%). Já do orçamento de investimento previsto, de R$ 6.076.545,00, houve corte de R$ 3.792.531,00, ou seja, 62,4%.
O reitor critica a fala do ministro da Educação, na qual disse que iria cortar verbas da educação superior para investir em educação básica, apesar dos Institutos Federais ofertarem mais de 60% de suas vagas para educação básica, com cursos técnicos de nível médio. “Esta ideia não pode ser aceita, porque simplesmente tirar de um lugar para colocar em outro e deixar por fim as duas áreas descobertas não pode ser o caminho. Temos que defender mais investimentos para a Educação como um todo, para que todos possam continuar crescendo e com qualidade na oferta”.Nunes ainda questiona o que é colocado como prioridade pelo governo. Para ele, uma solução para o contingenciamento de recursos seria taxar os bancos que recebem a maior parcela da arrecadação do governo federal e que fazem parte de um dos poucos setores que têm crescido mesmo diante da crise que afeta o país.  
Mobilização é reforçada Nos últimos dias, manifestações contra o bloqueio de recursos ocorrem em todo o país e clamam atenção para o desmonte do ensino público. Em Pelotas, no dia 3 de maio, estudantes organizaram um ato em repúdio aos cortes orçamentários. A manifestação contou com a participação de docentes e servidores técnico-administrativos da UFPel e IFSul-CAVG. Centenas de pessoas caminharam de costas pelo centro da cidade entoando gritos de protesto contra o desmonte da educação pública e a Reforma da Previdência.
Para o dia 15 de maio está prevista uma Greve Geral da Educação. Já para o dia 14 de junho, as centrais sindicais sinalizam uma Greve Geral, que tem como mote a contrariedade à Reforma da Previdência . As mobilizações serão discutidas na Assembleia Geral docente, que ocorrerá nesta quinta-feira (9), a partir das 17h30, no auditório da Faculdade de Direito da UFPel.A entrevista com o reitor do IFSul foi realizada terça-feira (7), enquanto participava da reunião do Conif em Brasília. Uma entrevista com o reitor da UFPel, Pedro Hallal, está agendada para esta sexta-feira (10). 

Fonte: Assessoria ADUFPel
*Imagem: Reitor Flávio Nunes no Lançamento da Frente Parlamentar em Defesa dos Institutos Federais, em Brasília.

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